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Dor de barriga

Meu filho engoliu um objeto. E agora?

Quando uma criança engole um objeto, a angústia dos pais é imediata — e com razão. Situações como essa são mais comuns do que se imagina, principalmente em crianças pequenas, que exploram o mundo com a boca. Neste artigo, você vai entender o que fazer quando isso acontece, quais são os riscos envolvidos e por que algumas situações exigem atenção médica imediata.

Por que isso acontece?

Durante os primeiros anos de vida, é natural que as crianças explorem o ambiente colocando objetos na boca. Esse comportamento está ligado à chamada “fase oral”, uma etapa do desenvolvimento infantil. É justamente nessa fase que acidentes com ingestão de corpos estranhos são mais frequentes.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), acidentes domésticos estão entre as principais causas de emergência em crianças, sendo a ingestão de objetos uma das mais frequentes. Estima-se que cerca de 80% dos casos ocorram em menores de 3 anos.

Quais objetos costumam ser ingeridos?

Embora qualquer pequeno item possa ser engolido, alguns objetos aparecem com mais frequência nos prontos-socorros pediátricos:

  • Moedas (são os campeões de ocorrências);
  • Peças pequenas de brinquedos;
  • Baterias tipo botão;
  • Ímãs;
  • Tampinhas de caneta, presilhas e alfinetes;
  • Parafusos e pregos (em menor proporção).

Cada um desses objetos representa um risco diferente, e é fundamental identificar o tipo e a quantidade ingerida para orientar o tratamento.

Quando procurar o pronto-socorro imediatamente?

Nem sempre a ingestão de um objeto exige intervenção cirúrgica ou endoscópica. Porém, há casos em que é essencial procurar atendimento médico com urgência:

  • Se a criança engoliu uma bateria tipo botão;
  • Se ela ingeriu ímãs (especialmente mais de um);
  • Se apresenta sintomas como dificuldade para engolir, salivação excessiva, vômitos, dor abdominal intensa ou alterações respiratórias;
  • Se os pais não sabem exatamente o que foi engolido.

Riscos das baterias tipo botão

As baterias são extremamente perigosas, especialmente quando ficam presas no esôfago. Elas podem liberar substâncias corrosivas que causam queimaduras graves na mucosa esofágica. Segundo a National Capital Poison Center, uma lesão grave pode ocorrer em menos de duas horas após a ingestão.

Por isso, se houver suspeita de ingestão de bateria, vá imediatamente ao pronto-socorro. Em muitos casos, é possível realizar a remoção do objeto por endoscopia, evitando complicações mais sérias.

Perigo dos ímãs

A ingestão de ímãs representa um risco elevado. Se dois ou mais ímãs forem ingeridos separadamente, eles podem se atrair dentro do intestino, pressionando as paredes intestinais entre si. Isso pode causar necrose (morte do tecido), perfuração intestinal e até infecção generalizada.

De acordo com a Academia Americana de Pediatria (AAP), entre 2010 e 2021, houve aumento nos casos de ingestão de ímãs potentes entre crianças nos Estados Unidos, com milhares de internações.

O que fazer em casa?

Se você presenciou ou suspeita que seu filho engoliu um objeto, mantenha a calma. Avalie os seguintes pontos:

  • Identifique o objeto: tamanho, material, ponta afiada, presença de metais ou bateria;
  • Observe sintomas: a criança está com dor, vomitando ou com dificuldade para respirar? Se sim, vá ao hospital;
  • Nunca induza o vômito: isso pode causar mais danos;
  • Não ofereça alimentos ou líquidos até orientação médica;
  • Leve o objeto igual ou semelhante ao hospital, caso o tenha em casa.

Na dúvida, procure o pronto-socorro. É melhor pecar pelo excesso de cuidado do que subestimar um risco real.

O que acontece no hospital?

No atendimento médico, o profissional realizará uma avaliação clínica e, geralmente, um exame de raio-X. A conduta dependerá do tipo, tamanho e localização do objeto. Os desfechos mais comuns são:

  • Observação clínica: para objetos pequenos e não perfurantes (como moedas), o médico poderá orientar apenas o acompanhamento da eliminação pelas fezes;
  • Endoscopia: indicada para baterias ou objetos presos no esôfago;
  • Cirurgia: necessária em casos de perfuração, sangramento ou complicações intestinais.

Quando o objeto é eliminado naturalmente

Felizmente, em cerca de 80% dos casos, o objeto é eliminado espontaneamente nas fezes, sem complicações. Nesses casos, o pediatra pode orientar os pais a observar os sinais de alerta, como:

  • Febre persistente;
  • Dor abdominal forte;
  • Vômitos constantes;
  • Distensão abdominal;
  • Alterações no padrão respiratório.

Se qualquer um desses sinais aparecer, volte ao hospital imediatamente.

Prevenção: como evitar esses acidentes?

Prevenir é sempre o melhor caminho. Algumas atitudes simples podem proteger os pequenos de situações de risco:

  • Mantenha objetos pequenos fora do alcance de crianças;
  • Evite brinquedos com peças destacáveis para menores de 3 anos;
  • Guarde baterias em locais trancados e descarte-as com segurança;
  • Evite comprar brinquedos com ímãs soltos ou mal fixados;
  • Supervisione a criança durante as brincadeiras.

Além disso, seguir as recomendações etárias da embalagem dos brinquedos é essencial para evitar riscos desnecessários.

Considerações finais

A ingestão de objetos por crianças é uma situação que gera preocupação, mas com informação e ação rápida, é possível evitar consequências mais graves. O papel dos pais é fundamental, tanto na prevenção quanto no manejo inicial. E contar com um pediatra ou cirurgião pediátrico de confiança, como o Dr. Henrique Canto, pode fazer toda a diferença no cuidado com a saúde do seu filho.

Se você está com dúvidas ou precisa de uma avaliação médica especializada, clique aqui para agendar uma consulta.

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Sobre mim

Dr. Henrique Canto - Cirurgião Pediátrico

Sou Dr. Henrique Canto e trabalho como cirurgião pediátrico há mais de 15 anos, com atuação especialmente em São Paulo. Combino conhecimento, técnica e empatia no atendimento aos pequenos pacientes.

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